31 agosto 2014

Banda The Sound

Às vezes posto sobre algumas bandas que não são muito conhecidas. Hoje vou mostrar para vocês a banda The Sound. O texto foi escrito por um amigo, ele me ajuda em algumas pesquisas de banda. Escutei a banda e curti muito!


Existem os casos em que bandas se esforçam constantemente para conseguirem reconhecimento da crítica e do público, mas que no final das contas só conseguem contentar o primeiro. Mas tem aquelas que conseguem a chance de serem contratadas por gravadoras grandes, mas, em nome de integridade artística, não aceitam acatar as sugestões impostas por elas e sofrem represália com falta de apoio e promoção. A inglesa The Sound foi uma delas.

Liderada por Adrian Borland (vocais e guitarra), e formada em 1979, dois anos após a explosão (e consequente implosão) do punk, trazia uma sonoridade fortemente influenciada por Joy Division, The Velvet Underground e The Stooges. Contava também com Mike Dudley (bateria), Benita "Bi" Marshall (teclados, saxofone e clarinete), Graham Baley (baixo), e com a ajuda de um não membro da banda nas letras, Adrian James. Os vocais de Borland lembravam muitas vezes Ian McCulloch do Echo & the Bunnymen. A escolha de arranjos e produção remetiam a mesma banda, mas as composições eram menos comerciais, buscavam criar uma identidade própria.

O primeiro EP foi o Physical World de 1979: rápido, carregado de guitarras, porém não era agressivo. Era intenso mas não agressivo, movido pela emoção e não pela força. Já trazia as letras pessoais e inteligentes que se tornariam mais uma característica marcante da banda. Foi elogiado pela NME e chegou a ser veiculada nos programas do DJ John Peel.

Equanto a banda se preparava para gravar o primeiro álbum de estréia a gravadora Korova, subsidiaria da WEA, ofereceu contrato e a banda aceitou.

O álbum em questão, Jeopardy, foi lançado em 1980 e recebeu excelentes criticas da NMW, Sound e Melody Maker, estando nas listas das respectivas publicações de melhores do ano. O álbum trazia músicas que mostravam a versatilidade da banda, como a tensa e hipnótica "I Cant't Escape Myself", a balada "Desire", o single "Heyday" e a canção protesto "Missiles".

Em seguida a banda muda de formação com a saída de Bi Marchall e a entrada de Colvin "Max" Mayers nos teclados. Em 1981, lançam "From The Lions Mouth". Atmosférico e claustrofóbico, apresentam um som ainda mais sombrio e soturno, quase gótico, como em "New Dark Age", "Skeletons" e "Fatal Flaw". Não há espaço para calmaria, exceto na balada "Silent Air".

Após dois álbuns ferozes e difíceis, a gravadora pressiona para que a banda passe a se dedicar á um som mais comercial e com objetivo de sucesso, pois até então eram aclamados pela crítica mas não passavam de uma grupo cult. Havia mais dinheiro sendo investido dessa vez, ao contrário dos lançamentos anteriores.

Mesmo assim o grupo ignora as exigências e lança o experimental, All Fall Down de 1982. É um álbum fortemente influenciado por PIL, David Bowie e pela banda amiga The Comsat Angels, no verdadeiro espírito do pós-punk. Há empreitadas eletrônicas como na música título, desconstruções do pop como em "Party of the Mind", "Calling the New Tune", e o velho som feroz de sempre como em "Red Paint", as ameaçadoras "Glass and Smoke" e "Song and Dance". A única exceção fica para as mais acessíveis "Where The Love Is" e "Monument".

Por conta do fracasso de crítica contemporânea e de vendas, a WEA rompe o contrato com a banda e decide não divulgar o álbum. Análises atuais negam o status de fracasso artístico e consideram talvez o melhor da banda.

Sem gravadora, lançam This Cover Keeps Reality Unreal pela Cherry Red, uma parceria com Kevin Hewick, que escreveu e cantou em todas as músicas.

Receberam ofertas de diversas gravadoras assinando com a independente Statik. Lançam o revigorante "Shock of Daylight", e fizeram as pazes com a imprensa musical, sem dúvida o melhor EP gravado por eles. No ano seguinte lançam em 1984 "Heads and Hearts" mostrando um som mais otimista e vigoroso, o álbum gera três singles: "One Thousand Reasons", "Temperature Drop" e "Under You". Foi moderadamente bem recebido pela imprensa. O baterista Michael Dudley, por outro lado, o considera o pior da banda.

Borland, em 1985, começa a apresentar sintomas de problemas psicológicos agravados pelas frustações na carreira. Problemas que mais tarde viriam a acarretar em tragédia. Em 1986, a Statik pede falência e a banda fica novamente sem gravadora.

Em 1987, assinam com a Play It Again Sam e lançam o que a própria banda considera seu melhor trabalho, o magnífico "Thunder Up". Mostra um som mais polido e comercial mas sem perder a qualidade nas letras e melodias. A imprensa novamente se rende a banda mas ao contrário do público.

Saem em turnê em 1987 e quando chegam na Espanha, Borland sofre um colapso mental. Cancelam a turnê e terminam a banda em 1988.

Após o fim da banda os outro membros se afastam de atividades musicais, exceto por Borland que manteve uma carreira solo por uma década e junto de bandas como White Rose Transmission e Honolulu Mountain Daffodils. Nunca conseguiu superar sua depressão, e após uma recaída em que teve que retornar a um hospital psiquiátrico, Borland que sofria de Transtorno Esquizoafetivo, comete suícidio em 26 de Abril de 1999, se jogando na frente de um trem expresso na estação Wimbledon.

Postumamente são lançados Propaganda, coletânea de gravações feitas antes do lançamento do primeiro álbum da banda em 1979 e The BBC Recordings que traz duas sessões de rádio e duas gravações de shows.

A imprensa contemporânea ainda não se conforma como uma banda nunca conseguiu o reconhecimento que merecia. Publicações como Trouser Press, The Big Takeover e Uncu,t colocam The Sound como uma das melhores bandas dos anos 80, chegando às vezes a colocar no patamar (e até acima), de grandes nomes como U2, Joy Division e Echo & the Bunnymen.


Discografia

Álbuns principais

Jeopardy (1980)
From the Lions Mouth (1981)
All Fall Down (1982)
Heads and Hearts (1985)
Thunder Up (1987)

EPs

Physical World E.P. (1979)
This Cover Keeps Reality Unreal (1983) (com Kevin Hewick)
Shock of Daylight (1984)
Live Instinct (1981) (ao vivo)

Coletâneas

Counting the Days (1986)
Propaganda (1999)
The BBC Recordings (2004)

Ao vivo

In the Hothouse (1986).

.Escute um álbum aqui.

5 comentários:

  1. Não conhecia a banda, mas irei procurar sobre ela
    Beijos
    http://adventure-of-two-girls.blogspot.com.br/

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  2. Muito legal seu artigo. Na minha opinião essa banda é superior ao U2 e tá pau a pau com o Echo e o Joy Division. Não acho que o U2 tenha composições tão boas como o The Sound e na minha opinião são muito comerciais e superestimados (podem tacar as pedras agora kkkkk). Uma pena o que aconteceu com o Adrian, cara talentosíssimo. Muitos gênios artísticos tem problemas psicológicos, infelizmente.

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  3. conhecia o Chameleon, só depois conheci The Sound que tem um som mais variado, muito bom! Pos Punk de primeira!

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  4. escrevi sobre a banda também
    https://crushemhifi.com.br/10-bandas-pos-punk-que-nao-tiveram-o-reconhecimento-merecido/

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